quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Infelicidades Tupiniquins



O Brasil passa por um apagão político, social, econômico e de infraestrutura, com um valor futuro alto a ser pago pelos indivíduos, que não vem observando na sua totalidade, os rumos da nação. A pane no sistema elétrico nacional, ocorrido no último dia 10/11/2009 elucidou as falhas no processo democrático nacional. Evidencia-se uma classe política que tenta a todo o momento ludibriar a população, com gestos não adequados para a nobre função e na busca desenfreada pelo favorecimento partidário. Por que não buscar esclarecer os fatos de forma ética e sem rodeios? Bastaria seguir o modelo americano, com as causas sendo apontadas de forma lúcida, em benefício da população, em detrimentos a clientelismos.

Justificar o problema do sistema elétrico nacional com raios e trovoadas esconde problemas maiores. O primeiro absurdo é a ocorrência de grande parte do país sem energia, gerando custos abusivos para a sociedade. Outro sério problema é a execução do orçamento federal, com apenas 38% das verbas destinadas aos investimentos em energia. Logo, estaria o sistema elétrico nacional sendo sucateado? Finalmente, o início de uma disputa política entre a gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso, com o modelo Lula é o escracho total.

A geração de energia no Brasil é centralizada no modelo hidroelétrico, com a dependência da vazão dos rios, o que em tese, não é um problema, mas um benefício ambiental. A complexidade está na possibilidade de escassez de chuvas e na sua distribuição. Logo, por que não investir em um sistema ainda mais confiável e descentralizado por região, com a adoção verdadeira de usinas termelétricas. Outro ponto fundamental é repensar na alocação política de cargos estratégicos, como o Ministério de Minas e Energia, hoje dirigido por um advogado e não um engenheiro eletricista, ou técnicos com formações a fim.

Da mesma forma que o sistema energético nacional demonstra fragilidades, deve ser reavaliada a questão da infraestrutura nacional como um todo, englobando as estradas, portos, ferrovias, aeroportos, telefonia e saneamento básico. Muito se discute sobre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), outrora Avança Brasil, com baixa destinação de recursos. Será que o início das obras serão executas somente no ano que vem, ou seja, período eleitoral?

Logo, deve-se investir em informação e educação, o maior de todos os apagões nacionais, para eliminar as anomalias de um sistema político e de investimentos públicos em infraestrutura, que vem causando retrocessos ao avanço econômico e social.

Por: Hugo Ferreira Braga Tadeu
Professor da Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho da Fundação João Pinheiro e Coordenador do Núcleo de Estudos em Operações. Diretor do IELOG 

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A flexibilidade produtiva: Focar em qualidade ou em produtividade?

Desde que Ford implementou a linha de produção, até os dias de hoje a produção em massa tem sido um dos modelos mais utilizados. No entanto, nos últimos anos, devido à necessidade de atender clientes diferentes com gostos diferentes e competir num mercado global altamente concorrido, um sistema de produção flexível se tornou apropriado para muitas situações.

Na produção em massa o foco está na estrutura da empresa, em aproveitar da melhor forma possível os recursos disponíveis, visando o menor custo unitário e a maior lucratividade. Com o advento das técnicas de qualidade (TQC, TQM, quality assurance, 5S, Six Sigma, dentre outras), que foram em grande parte desenvolvidas no oriente, as empresas de produção em massa puderam incorporar no seu dia-a-dia um modelo de produção mais condizente com as necessidades do mercado, que quer mais do que só o produto: quer também valores agregados, benefícios paralelos, qualidade.


Como a concorrência passou a ser mundial e o mercado mostrou-se interessado por produtos diferenciados, as empresas mais preparadas para tal característica passaram a liderar em seus setores. E para produzir produtos diferenciados – na qualidade exigida e com um preço competitivo – foi necessário um processo de produção flexível, que permitisse produzir uma gama maior produtos, com diferentes configurações, com qualidade e, ainda assim, por um preço atraente.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Diário da Crise reúne artigos sobre os momentos críticos da economia mundial



Durval de Noronha Goyos faz uma análise diferenciada sobre a crise que começou nos Estados Unidos, há um ano

No dia 10 de novembro será lançado no Brasil, o Diário da Crise, novo livro do sócio sênior do escritório jurídico Noronha Advogados, Durval de Noronha Goyos Jr. O autor reuniu artigos desde 1º de setembro de 2007 até o final de setembro de 2009, quando a crise iniciada nos Estados Unidos da América completou um ano. Dividido em três seções distintas — A Crise Financeira, A Crise Comercial e A Crise da Política Internacional —, o livro aborda aspectos globais de um tema que esteve presente na imprensa de maneira recorrente nos últimos dois anos.

“Com a crise econômica, cuja fase aguda se deu há um ano com o colapso do Lehman Brothers nos Estados Unidos, as economias mundiais notadamente dos países envolvidos entraram em grande crise”, afirma o autor. “Isso aumentou o protecionismo de diversas formas. E os artigos reunidos no livro traçam um panorama de uma crise que, na minha opinião, o Brasil nem precisaria ter entrado”, completa.

Mais (e não menos) incentivo


Se já estava difícil, vai ficar pior. Esse é o sentimento dos empresários ligados ao setor exportador, depois que o governo federal sinalizou que pode acabar com as compensações da chamada Lei Kandir, que prevê a desoneração das exportações no âmbito estadual. Essa sinalização veio com a decisão do governo federal de deixar de fora da previsão de receita no Projeto de Lei Orçamentário de 2010 as compensações feitas aos Estados.


Não é preciso pensar muito para concluir que quem vai pagar a conta pela suspensão dos repasses – de até R$ 3,9 bilhões por ano – serão as empresas exportadoras. Afinal, está claro que a conseqüência maior da decisão governamental será o cancelamento dos incentivos fiscais hoje concedidos às exportadoras.

Com isso, o produto manufaturado brasileiro, que já está sem preço em razão do câmbio valorizado, vai ser afastado de vez da competição no mercado externo. Quem vai ganhar com isso será a China que, com a sua conhecida política agressiva, deverá ocupar de vez o espaço que, um dia, pertenceu ao produto industrial brasileiro.

Embora o País já tenha deixado para trás a recessão técnica, não há dúvida que houve, em função da crise mundial, uma queda generalizada na indústria. E, para recuperar o terreno, o que a indústria exportadora precisa no momento é de alguma forma de incentivo, já que o Brasil nunca teve uma política dirigida ao setor, o que não deixa de ser lamentável, pois, afinal de contas, só o produto industrial cria empregos em grande número.